Após 30 anos de dedicação, empresa familiar perde concessão da travessia hidroviária entre Centro Histórico e Vila da Glória

  • Foto Luiz Ozório -

A retomada do serviço de travessia hidroviária entre o Centro Histórico e a Vila da Glória, do 2º Distrito do Saí, em São Francisco do Sul, marcada para esta quinta-feira (10), trouxe alívio para os moradores, mas também gerou um debate sobre a forma como foi encerrada a atuação da empresa familiar que prestou o serviço por mais de três décadas.

Em 2019, a família Hoepers participou do edital para a concessão do transporte sem concorrência. A falta de empresas participantes se deu pelo fato de não estar contemplação um subsídio público, comenta Jeniffer Hoepers, responsável pela empresa. “Ninguém quis participar porque não havia ajuda financeira. A gente aceitou porque era uma causa que sempre defendemos. A gente conhece cada morador, cada necessidade, pois mesmo antes da concessão atendemos a comunidade. Fizemos isso com amor, mesmo sem retorno financeiro, já que temos outros negócios que acaba ajudando a equilibrar” disse Hoepers.

Para Jeniffer, ao aceitar dar continuidade à prestação do serviço, confiou na administração municipal para contemplar um subsídio conforme há para o transporte do Ferry Boat que recebe subsídio da Prefeitura, mesmo sabendo que o Ferry Boat não atende a comunidade carente que não possui automóvel.

Segundo Jennifer, a empresa continuou atendendo a comunidade, muitas vezes tirando do próprio bolso para manter a operação, já que atende funcionários público, idosos e PcDs que não pagam pela travessia. Segundo ela, os desafios começaram a crescer após o início da pandemia e se intensificaram com o aumento dos custos de manutenção e operação. A embarcação usada pela empresa apresentou problemas mecânicos e ficou parada por cerca de duas semanas. Sem condições de alugar um barco substituto, a empresa optou por priorizar o pagamento de funcionários, mesmo acumulando dívidas tributárias. “Tiramos do bolso, bancamos manutenção, taxas, salários. Chegou um momento que não deu mais. Pedimos ajuda, mas nunca fomos atendidos.”

Jennifer afirma que a solicitação por um pequeno subsídio ou reajuste de tarifa, feito em 2020, foi negado pela prefeitura. “Na época, pedimos R$ 20 mil para manter a travessia. Agora, a nova empresa vai receber R$ 64.500 por mês com passagem gratuita para os usuários. É um valor que nos permitiria ter outro barco, melhorar o atendimento e garantir a continuidade”, questiona.

A nova responsável pela operação, a empresa Oceânica, é ligada a um empresário da cidade com atuação no setor portuário. Ela assume o serviço em caráter emergencial, com gratuidade nas passagens e aumento no número de horários. O contrato é temporário ( 6 meses), até que seja realizada uma nova licitação.

Jennifer diz que não questiona a necessidade de melhorias, mas lamenta a forma como a transição foi conduzida. “Foi uma decisão sem diálogo. Dói porque a gente se dedicou por 30 anos. Sempre atravessamos mesmo com dificuldades, nunca abandonamos os moradores. Agora, fomos deixados de lado.”

A ex-concessionária reforça que segue acreditando em dias melhores. “Tenho fé. Se uma porta se fecha, outra se abre. A gente vai continuar trabalhando com o que tem, mas espero que a prefeitura pense na população da Vila da Glória com responsabilidade. Eles merecem respeito, transporte digno e também justiça com quem sempre esteve aqui.”

A Prefeitura de São Francisco do Sul informou que a decisão de romper o contrato foi motivada por descumprimento contratual e ausência de certidões negativas da empresa.

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