Livro Maré: Memórias, Mistérios e a Conexão Entre Gerações

Por Margaret Paim A escritora e produtora cultural Vilma Bieniek nos convida a navegar pelas marés da memória em seu novo romance, Maré. A obra entrelaça passado e presente, ficção e realidade, e revela os laços profundos que unem diferentes gerações de mulheres, tendo como pano de fundo a histórica cidade de São Francisco do Sul.

No livro, a protagonista Ana é uma pesquisadora determinada a compreender os limites entre lucidez e demência. No ano de 2060, ela inicia um estudo acadêmico sobre o envelhecimento e, ao se deparar com Júlia, uma idosa enigmática que reside em um asilo em São Paulo, descobre que sua pesquisa será muito mais do que uma simples análise científica. Júlia guarda cadernos repletos de relatos e mistérios que a conectam a Sara, uma mulher cuja existência parece oscilar entre o real e o fictício. Conforme Ana avança em sua investigação, os escritos de Júlia se transformam em peças de um quebra-cabeça que desafia o tempo e a memória.

A história ganha novas camadas quando Ana decide seguir os rastros deixados por Júlia e Sara até São Francisco do Sul. Na cidade catarinense, ela descobre uma forte ligação entre as duas mulheres e a comunidade indígena local, percebendo que os personagens do romance infinito de Júlia podem ser mais reais do que imagina. A aldeia indígena e o Parque do Acaraí tornam-se peças-chave na sua busca por respostas, levando-a a confrontar verdades que atravessam gerações.

Bieniek constrói sua narrativa com sensibilidade e profundidade, explorando a relação entre memória e identidade. Inspirada pelas vidas de sua mãe Rosinha e sua sogra Alba, a autora transforma Maré em um tributo às mulheres que enfrentam o envelhecimento e a exclusão social com dignidade e força. Ana, Júlia e Sara representam diferentes momentos dessa trajetória, conectadas pela necessidade de preservar histórias e dar voz àqueles que muitas vezes são silenciados pelo tempo.

São Francisco do Sul, com sua riqueza histórica e presença indígena ancestral, não é apenas o cenário da narrativa, mas sim um personagem vivo na trama. O romance ganha força ao incorporar elementos reais da cidade, transformando suas ruas e paisagens em parte essencial da história. A relação entre Ana e a aldeia indígena reflete um diálogo profundo sobre pertencimento e legado, mostrando que a preservação da memória é uma forma de resistência.

Publicado pela Editora Kotter, Maré já está disponível e contará com uma edição em italiano, reforçando o intercâmbio cultural promovido por Bieniek entre Brasil e Itália.

Mais do que um romance, Maré é um convite para refletir sobre o papel da memória na construção do futuro e sobre a importância de preservar histórias que poderiam ser esquecidas com o tempo.

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