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Joinville busca recuperar título de maior economia de SC
Aumento do poder de compra do joinvilense, além da instalação de um porto seco na cidade devem contribuir para a recuperação
Berço de grandes empresas, investimentos e da maior concentração de renda de Santa Catarina, a cidade até então considerada manchester catarinense durante anos, Joinville, já não é mais a maior potência econômica do estado. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas de 2012, o Produto Interno Bruto (PIB) da cidade teve uma retração de 18,8 bi para 18,2 bi e foi ultrapassada por Itajaí, confirmando o cenário já previsto em 2011, quando os dois munícipios tiveram praticamente o mesmo patamar. O diferencial que deve definir o rumo dos próximos resultados deve ser o "porto seco", inaugurado em março deste ano.
Em dezembro de 2014, a economia catarinense teve, pela primeira vez nos últimos anos, um novo detentor da maior riqueza estadual. Desde 2005, quando Joinville era a maior economia, com um PIB R$ 9,07 bilhões, Itajaí passou de R$ 6,03 bilhões para R$ 19,7 bilhões em 2012. Enquanto Joinville chegou a R$ 18,8 bilhões em 2011, e teve uma retração para R$ 18,2 bilhões no último levantamento, segundo a Coordenação de Contas Nacionais, do IBGE.
A cidade de Itajaí, conhecida por ter o maior porto pesqueiro do Brasil, agora quer mostrar que vai além disto, como conta o secretário de Desenvolvimento Econômico de Itajaí, Osman Freire Rebello. Para ele, o que pesou no resultado do PIB foi a diversificação dos setores. "Não é apenas o porto que influencia no PIB da cidade. Temos diversas atividades como o petróleo e gás, da Petrobras, o maior porto pesqueiro do país, o comércio exterior, a indústria de transformação", diz.
Ele ainda ressalta que o resultado não é recente, mas consequência de um crescimento que ocorre há dez anos e de medidas que incentivam empresas a investirem. "A sequência de crescimento vem ocorrendo desde 2005, quando o PIB era de R$ 6,03 bilhões. Nestes anos foram feitos incentivos de redução de impostos, como a Lei de Incentivo Fiscal 65/2005, para empresas que investem ou ampliem".
Para os próximos anos, Osman espera que Itajaí e a região Norte continuem à frente no estado, mas com números menos expressivos. "O resultado de 2015 provavelmente será menor que 2014. Com a atual economia nacional e a inflação, as empresas já estão tendo reflexos. São menos investimentos, mas acredito que Itajaí e a região sofrerão menos", declara.
É o que acredita também o secretário de Desenvolvimento Econômico de Joinville, Jalmei Duarte, mas espera que a cidade volte a se tornar a maior potência do estado. Ele afirma que o resultado de 2015, que deve ser divulgado apenas em 2017, terá alguns fatores que farão isto ocorrer. "O poder de compra da população em 2015 será 27% maior que em 2014, segundo a consultoria IPC Marketing, com consumo de aproximadamente R$ 15,671 bilhões. Além disso, um projeto de lei alterou o Índice de Participação dos Municípios no ICMS de exportação de 100% para 10% para a cidade portuária, sendo o restante destinado às cidades com processo de industrialização", afirma.
Para o secretário, o resultado de 2012, que teve uma retração de 3,1% em relação a 2011, não faz com que a cidade esteja menos forte que nos anos anteriores. Ele também acredita que para se medir a força de uma economia, um indicador econômico não é o suficiente. "Joinville continua forte economicamente e continuaremos a ser uma das locomotivas econômicas do país. Somos o 9º município que mais gerou empregos no país em 2015, e Joinville possui mais de 200 mil empregos formais.
Ele ainda diz que não se deve pensar individualmente, mas que as regiões devem se ajudar mutuamente para que Santa Catarina e o Brasil se tornem cada vez mais prósperos e competitivos. "Temos que ter o pensamento da macrocompetitividade, onde os concorrentes não são, ou estão, na cidade vizinha ou no estado vizinho, eles estão em qualquer parte do globo", diz o secretário.
O fator diferencial
Assim como Itajaí, Joinville passou a ter, em março deste ano, uma unidade da empresa Multilog, o Centro Logístico e Industrial Aduaneiro (Clia). O espaço de 16 mil metros quadrados fica em um condomínio empresarial e permite o armazenamento e movimentação de cargas inutilizadas, ampliando a participação da cidade no mercado logístico nacional e internacional.
Segundo Jalmei Duarte, o centro deverá proporcionar maior competitividade à indústria de Joinville e Região. "Irá acelerar os trâmites de importação e exportação feitas pelas nossas empresas, agilizando os processos. Além disto, a arrecadação de impostos pelo município aumenta", diz. Com a criação do porto, a empresa prevê a contratação de 200 novos funcionários até 2020. Segundo o diretor de relações institucionais da Multilog, Eclésio da Silva, o “porto” de Joinville consolida mais uma posição estratégica no Estado, principalmente para atender as grandes indústrias da região e fortalecer a retroárea do Porto Itapoá.
Para a economista e professora de Economia, Elaine Maria Martins, o Centro Logístico era uma necessidade de Joinville, mas apenas a criação do porto não deverá trazer o título de maior PIB. “É uma ação conjunta, porque apenas a criação do 'porto seco' não deve fazer com que a cidade volte a ser a maior economia. Deve haver ampliação nos setores, mais linha branca, metal-mecânica para que se possa utilizar o porto”, afirma.
Enquanto que a arrecadação do ICMS deverá prejudicar a arrecadação de Itajaí, um convênio feito com o Governo do Amazonas diminuirá o impacto da mudança. Isso porque, será permitido a transferência de produtos fabricados na Zona Franca para a área de entreposto fiscal sem a cobrança do imposto durante 180 dias. "A tributação ocorrerá somente no momento da venda da carga. Isto fez com que a empresa Multilog, no Porto de Itajaí, investisse R$ 40 milhões na construção de um armazém de 26 mil metros quadrados.", diz Eclésio.
A economia portuária
Com a atual situação econômica mais desfavorável que há cinco anos, quando o país estava em crescimento, o superintendente do Porto de Itajaí, Antonio Ayres dos Santos Junior, acredita que os impactos do cenário atual são inevitáveis no ramo. Isso porque a atividade envolve vários segmentos econômicos. “A atividade portuária gera uma cadeia de prestação de serviços muito extensa, o que impacta fortemente geração de empregos e renda. Os portos atuam basicamente com comércio internacional e essa atividade está totalmente atrelada as oscilações econômicas e cambiais, bem como ao mercado.”
Outro fator fez com desfavorecesse a atividade portuária: a Lei 12.815. Sancionada pela presidente Dilma Rousseff. Esta lei fez com que as licitações das atividades fossem mais demoradas, além de fazer com que contratos com empresas de mão-de-obra avulsa fossem mais procuradas, o que fez com que as empresas contrates tivessem mais custos devido ao alto valor cobrado. Atualmente, segundo Antonio Ayres, 24,8 mil postos de trabalhos diretos e 70 mil indiretos são gerados a partir da atividade portuária e o porto é o segundo maior movimentador de contâiners no país. “Perde apenas para Santos, que responde pela fatia de 74,28% da corrente de comércio de Santa Catarina e por 3,59% da corrente de comércio brasileira. "
Entenda o PIB
O Produto Interno Bruto per Capita (PIB) tem como função medir a atividade econômica e o nível de riqueza de uma região durante um período. E, para isto, são utilizados três métodos para se chegar ao resultado final: demanda, oferta e rendimento. Para cada tipo de levantamento, são considerados fatores relevantes que influenciam na economia.
A falta de infraestrutura, como as más condições de rodovias e ferrovias, a carga tributária, que inclui os impostos, a instabilidade econômica, que gera a desconfiança do setor empresarial para realizar investimentos, a burocracia para contratar, vender e produzir das empresas, a inflação, os juros para poder investir ou realizar empréstimos e a falta de escolaridade para setores que necessitam de mão de obra qualificada são uns dos principais entraves que a economia enfrenta para o PIB crescer.
As despesas em bens e serviço de utilização final são as principais fontes do índice. Isto inclui a despesa interna total da área que abrange a pesquisa, e os investimentos feitos no município durante do ano. Segundo as informações do Portal da Transparência, o total de investimentos realizados pela Prefeitura de Itajaí foi de R$ 198.441.305,00. E, Joinville investiu em obras, também segundo dados do Portal, R$ 352.781.248,00.
Outro fator levado em consideração é o consumo, que segundo os últimos dados do Sebrae/SC, em 2010, em Itajaí, o consumo per capita era de R$ 13.693,03, enquanto que, em Joinville, em 2012, segundo o levantamento da IPC Marketing Editora, consumo foi de R$ 17.683,84.
Além disso, o valor gerado pelas empresas e a diferença entre os impostos arrecadados e subsídios do município também podem influenciar no resultado. Segundo os dados do Portal da Transparência, em 2012, Joinville previa uma arrecadação de R$ 324.531.000,00, mas apenas 79,22% deste valor foi realmente arrecadado. Já Itajaí, previa uma receita de R$ 123.329.000,00, mas conseguiu ter um resultado 5,5% acima do esperado.
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