Economia

Artigo: Difícil Caminho da Indústria

A economia brasileira encolheu 3,7% em 2015. A indústria um dos setores que mais agrega vitalidade, tecnologia e empregos de qualidade, caiu 9% no mesmo ano.

A indústria no Brasil, especialmente a de transformação, tem sido exposta a um ambiente hostil, que vem afetando seriamente sua competitividade. Sistema tributário complexo, alta carga de impostos, infraestrutura precária, baixo desenvolvimento tecnológico, custos trabalhistas crescentes e taxa de câmbio não só valorizada por longos períodos, mas especialmente instável, têm transformado o nosso país em um lugar caro para produzir.

Quando, sob essas circunstâncias, acontece um choque de demanda - como o que vimos no nosso período de lua de mel com o tripé mercado internacional de commodities aquecido, incorporação de vastos segmentos da população à força de trabalho e expansão de crédito -, o que ocorre é um aumento de salários e de preços. O setor de serviços, que hoje já representa cerca de 70% do nosso PIB, tende a ser resiliente a um processo destes, uma vez que não sofre concorrência de substitutos do mercado internacional.  Consegue repassar os aumentos de custos aos preços. Já a indústria, ao mesmo tempo em que esteve exposta a essa pressão de custos, passou a sofrer crescente concorrência de importações a preços baixos. Especialmente da China, o que dificultou aumentos de preços e levou ao forte estreitamento das margens.

Para que a indústria pudesse absorver a pressão por aumentos de salários, proveniente do setor de serviços, teria que ter ocorrido equivalente aumento da produtividade da mão de obra industrial - o que, sabemos, não ocorreu: ela caiu em média 0,1%, nos últimos 20 anos.

Enquanto não houver maior previsibilidade no ambiente político institucional, uma razoável estabilidade cambial e a retomada da pauta das reformas que indique a recuperação da competitividade do país e a perspectiva de retorno para os investimentos industriais esse importante setor, o que mais agrega produtividade à economia, continuará com dificuldades crescentes de dar a sua contribuição ao nosso processo de desenvolvimento.

Autor: Carlos Rodolfo Schneider

Bacharel e Mestre em Administração pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), dirige hoje o grupo H. Carlos Schneider, composto pelas empresas - Ciser Parafusos e Porcas, Ciser Automotive, Hacasa Empreendimentos Imobiliários, Intercargo Soluções Logísticas, Agropecuária Parati, RBE e FCF.   Enquanto presidente da Associação Empresarial de Joinville (ACIJ), de 2009 a 2011, Carlos Schneider lançou o Movimento Brasil Eficiente - MBE. O movimento busca estimular a eficiência da gestão pública, a redução da carga de impostos e a simplificação do sistema tributário. Registra a adesão de mais de 130 entidades empresariais e não empresariais de todo o país, além de intelectuais e governos. Além de coordenador nacional do MBE é membro, entre outros, do Conselho Superior de Economia da FIESP, do Fórum Estratégico da Indústria Catarinense - FIESC, do Conselho Político e Social da Associação Comercial de São Paulo, e do Comitê de Lideres da Mobilização Empresarial pela Inovação da Confederação Nacional da Indústria - CNI.  Foi cônsul honorário da Colômbia para Santa Catarina (1996 a 2003), diretor-presidente da Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A. e presidente do Conselho de Administração da Celesc , de 2003 a 2005. Em 2010, recebeu da Câmara de Vereadores, a outorga de Cidadão Benemérito de Joinville.      

Glauco Cortê: Educação é o novo nome do Desenvolvimento Anterior

Glauco Cortê: Educação é o novo nome do Desenvolvimento

BR-280 não é prioridade para Governo Federal Próximo

BR-280 não é prioridade para Governo Federal

Deixe seu comentário