Editorial

Editorial JORNAL IMPRESSO: Gerenciar crise

  • Foto divulgação internet. - Estação de Captação Vila da Glória - Distrito do Saí Mirim - São Francisco do Sul -

A falta de água no município na virada do ano (28 de dezembro à 3 de janeiro) não deveria pegar de surpresa a população. Há anos a comunidade francisquense e seus turistas sofrem com a falta desse recurso hídrico tão importante. Investimentos em novas captações e tratamento de água, campanhas de conscientização com alerta geral preventivo, alteração no Plano Municipal de Saneamento e, mais ações de prevenção de nossos governantes, talvez seja os passos certos para podermos ter uma virada de ano mais agradável do que foi a de 2019-2020.

Quais as ações preventivas para gerenciar esse período da falta de água? O que a população espera que a empresa faça em um momento tão delicado? Gerenciar a crise (ponto).  

A diretora-presidente Reginalva Mureb, responsável pela concessionária Águas de São Francisco do Sul, afirmou em entrevista coletiva, que eventual demanda pré-estabelecida no contrato, por meio do Plano Municipal de Saneamento, estão sendo cumpridas. Para temporada 2019-2020, a empresa trabalha com uma capacidade de 110 mil habitantes, o dobro da população da cidade. Porém, a cidade não duplica e sim quadriplica na virada do ano e as previsões para a falta de chuvas nos últimos três meses foram anunciadas pelos órgãos competentes.

O setor de meteorologia da Epagri Ciram, órgão do estado responsável pelas análises climáticas, disparou alertas em todo estado sobre a previsão de chuva abaixo da média histórica para novembro, dezembro e janeiro. "Precipitação deve ser mal distribuída e pouco significativa em alguns locais, insuficiente para reverter um quadro de estiagem".

Em diversas cidades do estado a possibilidade da falta de água na virada do ano alertou para promoção de ações preventivas. Em Florianópolis, a Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram) manteve monitoramento diário do nível das lagoas, junto com a Casan. Na Grande Florianópolis, houve o registro pontuais da falta de água: nas praias do Norte da Ilha, como Ingleses, Canasvieiras e Jurerê, e também em algumas regiões centrais da cidade, como no bairro Itacorubi.

Em Balneário Camboriú e Camboriú a Emasa, empresa que faz captação e tratamento de água, já em outubro informava a população da possível falta de água devido à chuva insuficiente, e tomou algumas medidas de prevenção para evitar problemas no verão. Também foi feito um acordo judicial que impediu produtores de arroz de captar água do rio Camboriú a partir do dia 15 de dezembro. Nem tudo foi suficiente, mas ajudou a diminuir o caos.

Em São Francisco do Sul foi diferente

A empresa divulgou os investimentos que fez para que não houvesse falta de água na temporada: novas estações de bombeamento de água (booster), melhorias nas captações, instalação de geradores e reforço nos canais de atendimento. Essas são algumas das iniciativas implantadas pela concessionária Águas de São Francisco do Sul para atender a demanda do aumento do consumo de água tratada no município durante a alta temporada. As novas estações de bombeamento foram instaladas na rede de captação do Rio Saí-Mirim e no Iperoba, próximo ao Instituto Federal Catarinense.

 "Nossos preparativos envolvem todas as equipes ao longo do ano. As estratégias foram montadas para minimizar os impactos dessa época bastante movimentada. É um grande desafio e buscamos sempre as melhores práticas", explicou o gestor operacional da Águas de São Francisco do Sul, Victor Villela Aroeira.

Foi cogitado, mas o governo não seguiu adianta com a criação de um comitê antes do recesso para acompanhar a possível falta de água na virada. Somente dias após a alarmante falta de água que o município pediu explicação para a concessionária sobre o ocorrido. A criação de um grupo de trabalho foi instaurada e a concessionária deu explicações no gabinete do prefeito em exercício com demais vereadores e comissionados. Nesta reunião ficou pré-estabelecido algumas mudanças. Mas os turistas já tinham ido embora.

Alguns vereadores presentes não gostaram do que ouviram, e insistem em abrir uma CPI para investigar o que foi de fato feito para que não houvesse falta de água. Na reunião no gabinete e na coletiva de imprensa no Terminal de Passageiros no mesmo dia, em nenhum momento foi apresentado pela empresa dados sobre investimentos em construção de novas captações e estação de tratamento de água no município. Quem conhece o Plano Municipal de Saneamento sabe que não está descrito esses investimentos a curto e médio prazo. Com isso, não há como não faltar água, principalmente quando as instalações são antigas, em tempos de Samae, época de problemas com a falta de água na temporada de verão. Com o aumento anual da população veranistas, só piorou.

É necessário alterar, atualizar o Plano Municipal de Saneamento, para que haja investimentos a curto prazo em construção de novas captações de água e ampliação da estação de tratamento e ampliação na rede (AGUADUTO) que traz a Água do Continente - uma construção muito antiga. Porque na próxima virada a repetição do caos da falta de água em diversos pontos da cidade tende a acontecer de novo, de novo, de novo...


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