A história de Norma Sachete, fundadora da rede de lojas Donna Preço Único, de Joinville, é inspiradora. Durante anos, viveu em um relacionamento abusivo, com um marido agressivo e controlador, que a afastou do trabalho, dos amigos e da família. Empreender se tornou uma opção quando ela, sem profissão, decidiu que precisava se libertar daquela situação e seguir em frente com as próprias pernas. Foi fazer um curso de cabeleireira incentivada pela ex-cunhada, irmã do seu agressor. Quando quebrou, achou que trabalhar com vendas era sua única opção e se tornou representante comercial

Norma começou a vender utilidades domésticas e enxergou aí uma oportunidade. A ideia inicial era abrir uma loja de utilidades mas, como na época, havia uma forte tendência de expansão das lojas de preço único, ela apostou neste nicho. Segundo ela mesma diz, "apostei todas as minhas fichas, as que eu tinha e as que eu não tinha". "No início, não tinha crédito, ninguém me conhecia, então eu tinha que vender hoje para poder comprar amanhã. Nisso, me custava muito mais caro o produto, porque eu podia comprar pouquinho de cada coisa, então eu tinha dificuldade de conseguir fornecedores que vendessem pouca mercadoria e, consequentemente, eu tinha que pagar o preço que eles queriam", conta.

Mas, com dois filhos para cuidar, Norma não teve como desistir. Seguiu em frente e hoje, oito anos depois, contabiliza oito lojas em Joinville. A rede, que no início foi batizada de Stop 10, ganhou nova marca no ano passado: Donna Preço Único. A pandemia adiou os planos de expansão. "A pandemia nos afetou, e muito. O poder econômico das pessoas caiu. Administrar tudo isso não está sendo fácil, mas conseguimos nos estruturar, criamos uma reserva de emergência que tem nos ajudado a manter nossos compromissos em dia", revela. "Nosso projeto de crescimento, de abertura de mais lojas por enquanto fica estacionado porque estamos com uma economia muito incerta", completa.

Busca por conhecimento e crescimento

                Um dos filhos de Norma participa da CDL Jovem e foi lá, durante uma das reuniões, quando se discutia sobre os resultados positivos dos programas de aperfeiçoamento do Sebrae/SC, que surgiu o interesse de buscar o desenvolvimento da empresa através de um dos programas. Algum tempo depois a então Stop 10 foi participar do GIR (Programa de Gestão de Indicadores e Resultados). "A princípio pensávamos que o Sebrae/SC vinha nos ajudar apenas em consultoria financeira, mas ele nos trouxe uma gama de aprendizado muito grande em todos os setores", conta Norma.

Segundo a empreendedora, a cada módulo do programa descobre-se que é preciso se reinventar, desmanchar o que já se tinha como certo e mudar. "O Sebrae/SC nos fez criar cabeça de gente grande, abriu a nossa mente de uma forma incrível e hoje não nos vemos mais pequenos. Sabemos aonde podemos chegar e que temos a capacidade para chegar", diz.

Lições

                Norma quer ajudar outras pessoas com sua história. Por isso, aconselha as mulheres que estão no começo de um empreendimento ou que querem empreender a deixar o medo de lado. "Vai com medo mesmo, se desafie, mas faça por você, faça para mostrar para você mesma que você é capaz", ensina. Ela diz que nunca sofreu preconceito por ser mulher. "Muitos homens são machistas e muitos não são. Às vezes as mulheres se colocam na situação de vítimas porque são mulheres, menos privilegiadas. Eu nunca encontrei esse tipo de preconceito porque eu nunca olhei para ele. Se ele existiu, não sei, eu não vi. Não busquei olhar para isso", fala.

                Como conselho final, tanto para mulheres quanto para homens, Norma fala: "Faça o que puder fazer para o seu negócio dar certo. Acredite em você, acredite nos seus sonhos, mas não se esqueça de acordar cedo e dormir tarde. Essa é a grande cereja do bolo e que faz a receita dar certo: dedicação".