Banco Central sinaliza juros a 14,25% por período prolongado

  • Wilson Dias/ Agência Brasil - Alexandre Tombini, Presidente do BC

Em comunicado que repete o texto da reunião anterior, o Comitê de Política Monetária (Copom) indicou a necessidade de manter os juros nesse percentual por um 'período suficientemente prolongado' para levar a inflação à meta no fim de 2016

O Banco Central manteve nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 14,25 por cento ao ano, em decisão unânime e amplamente esperada, interrompendo o ciclo de aperto monetário iniciado em outubro do ano passado e reforçando a sinalização de que a Selic permanecerá nesse patamar por um período significativo.

 
Em comunicado que repete o texto da reunião anterior, o Comitê de Política Monetária (Copom) indicou a necessidade de manter os juros nesse percentual por um "período suficientemente prolongado" para levar a inflação à meta no fim de 2016 e afirmou que a decisão aconteceu "avaliando o cenário macroeconômico, as perspectivas para a inflação e o atual balanço de riscos"
 
"O Copom permanece inclinado a continuar em compasso de espera no curto prazo, apesar dos recentes desenvolvimentos nos campos cambial e fiscal negativos para a inflação, já que eles podem ter sido parcial ou totalmente mitigados pelo cenário de deterioração das perspectivas para a economia e o mercado de trabalho", avaliou o economista do Goldman Sachs Alberto Ramos.
 
Pesquisa da Reuters mostrou que 29 de 30 economistas consultados previam que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC deixaria a Selic inalterada.
 
O BC iniciou o ciclo de aperto em outubro passado e, de lá para cá, foram sete elevações na taxa básica de juros que somaram 3,25 pontos percentuais, levando a Selic para o maior patamar em nove anos, em uma tentativa de conter a aceleração da inflação.
 
O BC já havia sinalizado o fim do ciclo de aperto monetário, mas fizera alertas sobre a necessidade de manter-se vigilante em caso de desvios significativos das expectativas de inflação.
 
O discurso de atenção foi reforçado recentemente pelo diretor de Política Econômica do Banco Central, Luiz Awazu Pereira da Silva, ao afirmar no fim de agosto que a política monetária terá viés conservador por período prolongado e que é preciso "muita calma", "sangue frio", "paciência" e "perseverança" neste processo.
 
A economia brasileira está em uma situação difícil. De um lado, o país entrou em recessão, que deve se estender até o próximo ano, segundo expectativas do mercado. 
 
De outro, a inflação em 12 meses se aproxima de 10 por cento e o dólar, que encarece os produtos importados, chegou ao nível mais alto em quase 13 anos nesta quarta-feira, pressionado pelas incertezas ligadas à China e pelas perspectivas mais nebulosas para as contas públicas.
 
Ao entregar a proposta de Orçamento de 2016 na segunda-feira, o governo previu déficit primário de 0,34 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), ante projeção de superávit de 0,7 por cento do PIB feita apenas um mês antes, levando especialistas a ampliarem as apostas de que o país pode perder o selo de bom pagador pelas agências de classificação de risco.
 
Apesar da escalada da moeda norte-americana, contudo, o BC segue enxergando a inflação cedendo com a Selic no atual patamar, o que, para economistas, demonstra que a autoridade vê um efeito compensatório vindo da fraqueza da economia.
 
"O BC quer entender qual componente é perene nessa deterioração e qual componente é temporário", avaliou o economista-chefe do Banco Besi, Jankiel Santos.
 
"Ele pode estar vendo uma recuada nesse patamar (do dólar) e eventualmente uma contribuição maior da desaceleração da atividade econômica sobre preços", acrescentou.
 
Depois da decisão do Copom desta quarta-feira, o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, manteve a estimativa de que o BC só cortará os juros a partir do segundo trimestre do ano que vem.
 
"Continuo vendo para abril, provavelmente, quando a taxa deve começar a cair por conta da desaceleração da inflação esperada", disse.
 
Em nota, o economista-chefe do Itaú, Ilan Goldfajn, assinalou que a desvalorização acentuada do real, que reflete as incertezas domésticas e externas, pode acabar gerando desvios nas expectativas de inflação suficientes para fazer o BC ajustar os juros para cima. Mesmo assim, Goldfajn também vê a taxa básica de juros no patamar de 14,25 por cento pelo restante do ano.
 
"A inflação ancorada em prazos mais longos e os efeitos defasados do ajuste monetário acumulado dão conforto ao Copom para encerrar o ciclo de alta de juros e sinalizar juros estáveis para frente", disse.
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