Cultura

Harmonia-Lyra celebra 165 anos com noite gratuita de ópera

  • Arquivo Harmonia-Lyra - Sociedade Harmonia-Lyra integra as páginas mais importantes da história cultural e social de Joinville

Percorrer a rua 15 de Novembro, do Centro até o bairro Vila Nova, é certeza de encontrar no caminho várias pistas sobre o passado de Joinville. Mas uma dessas paradas, a de número 485, é um dos maiores símbolos de cultura que a cidade detém, responsável por abrigar entre suas paredes momentos marcantes da vida artística e social joinvilense, mas que ainda pulsa na mesma frequência. Aos 165 anos, a serem comemorados no dia 31 de maio, a Sociedade Harmonia-Lyra fará conforme determina sua criação: alimentar almas.

Tanto é que essa missão será levada à risca no próprio dia 31, quando o salão principal receberá um grande concerto estrelado por nomes de destaque do canto lírico nacional. Os ingressos podem ser trocados na secretaria da sociedade por 3kg de alimentos não perecíveis, que serão doados a entidades beneficentes de Joinville.
O concerto será todo dedicado a compositores eruditos brasileiros, sendo que a primeira parte terá temas de Osvaldo Lacerda, Alberto Nepomuceno, Francisco Mignone, Claudio Santoro, Jaime Ovalle, Luis Ellmerich e especialmente Heitor Villa-Lobos. Após o intervalo, o repertório passeia por trechos de óperas de Carlos Gomes, como “O Guarani”, “Colombo”, ”Fosca” e “Lo Schiavo”.
O grupo de cantores é liderado por uma figura conhecida não só dos joinvilenses, mas de todos os amantes do canto operístico do País: Douglas Hahn, barítono veterano dos palcos que recentemente participou da 25a edição do Festival Amazonas de Ópera, o maior do gênero na América Latina. De Joinville também participam dois alunos de Douglas, a soprano Ester Martins e o tenor Luan Cavalleri, além do pianista Matheus Alborghetti e do flautista Luiz Fernando Campelo.
No elenco também está o tenor paulista Richard Baumer, de vasta experiência nacional e internacional, tendo participado de inúmeras montagens de grandes óperas. Para finalizar, a soprano Masami Ganev, natural do Japão e radicada no Brasil desde 1997. Já integrou a Cia. de Ópera Curta de São Paulo, apresentou-se com as orquestras sinfônicas do Paraná, de Minas Gerais e de São Paulo e interpretou papéis em montagens das óperas “Madame Butterfly”, “La Bohéme” e “Fosca”.
“O objetivo da escolha deste repertório é de formação de platéia, difundindo nossos compositores brasileiros, que às vezes são esquecidos. E também reverenciar este grande compositor de óperas que foi Carlos Gomes”, explica Douglas Hahn, diretor artístico do concerto.

Um pouco da história da Lyra

A Lyra não nasceu com aptidão para a cultura, ela foi fundada com este puro objetivo. A ata de fundação da Harmonie-Gesellschaft, em 31 de maio de 1858, determina “a finalidade de realizar divertimentos e oferecer aos sócios entretenimentos nobres num ambiente de camaradagem, principalmente por intermédio da cultura da arte dramática. Mensalmente deverão ser realizadas festas com teatro, música, dança ou quaisquer outros divertimentos com a presença dos sócios e suas famílias”.
No começo, as reuniões aconteciam na casa de um dos fundadores (e primeiro presidente), Eduardo Trinks, um sobrenome intimamente ligado não só à história da Lyra como das artes joinvilenses. Depois, passou para o salão Ravache, na rua Princesa Isabel, esquina com João Colin, onde hoje está a farmácia do Sesi. Em 1880, a Harmonie mudou-se para o salão Kuehne, na rua Jaguaruna, no local onde hoje é a Liga das Sociedades. Depois, em 1898, teve sede provisória no Salão Berner, na rua 9 de Março.
Só em 1922, com a fusão com a Musikverein Lyra e a criação da Harmonia-Lyra, é que a sede própria começou a sair do papel. Sob a presidência de Adolfo Trinks, neto de Eduardo Trinks, a Lyra finalmente concretizou o sonho ao inaugurar o grande prédio na rua 15 de Novembro em dezembro de 1930, uma festa regada a concertos, bailes e domingueira, obviamente.
Nestes mais de 90 anos, a Sociedade Harmonia-Lyra se consolidou como o principal espaço para eventos culturais e sociais de Joinville. Recebeu uma infinidade de eventos de  todo o tipo, desde shows, concertos e peças teatrais até os saudosos bailes de debutantes. Nunca é demais lembrar que foi na Lyra que o Festival de Dança deu seus primeiros passos, e hoje é sede do Festival de Ópera e dos grandiosos espetáculos de Natal da Escola Arte Maior.
A fim de continuar sendo a grande referência cultural da cidade, a direção da Lyra tem se desdobrado para garantir a preservação do prédio histórico, prestes a completar o centenário. Nos últimos quatro anos, uma série de reformas vêm acontecendo na estrutura, mais notadamente no telhado, nos antigos apartamentos, na antiga boate e no foyer. Este, reinaugurado no dia 23 de maio, foi completamente renovado, mas mantendo suas características originais, aquelas que nos anos de 1930 foram cenário para a primeira escola de balé de Joinville. A professora tinha o sobrenome mais marcante destes 165 anos de história: Liselott Trinks. 


SERVIÇO:

O QUÊ: Espetáculo de 165 anos da Sociedade Harmonia-Lyra.
QUANDO: 31 de maio, às 20h.
ONDE: Sociedade Harmonia-Lyra, rua 15 de Novembro, 485, Centro.
QUANDO: Ingressos gratuitos, que podem ser trocados por 3kg de alimentos não-perecíveis na secretaria da sociedade.


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