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Economista Eduardo Giannetti da Fonseca abriu hoje o ciclo de palestras da Expogestão, em Joinville
Uma mudança de tendência está no ar, avalia o economista Eduardo Giannetti da Fonseca, que fez a palestra de abertura da Expogestão, em Joinville, nesta quarta-feira, dia 4 de maio. O cenário turbulento pode dar espaço a um momento mais animador, principalmente a partir da próxima semana, quando o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff pode ter um desenlace no Senado.
"Podemos sair da UTI e ir para a convalescença", destaca. Para que esse cenário se confirme é preciso uma série de reformas relevantes. Os primeiros desafios de um governo Michel Temer serão grandes. "Ele vai precisar ser para a Dilma o que o Itamar foi para o Collor."
Os primeiros vislumbres são favoráveis. Segundo ele, há uma sinalização de mudanças nas áreas fiscal, previdenciária, trabalhista e externa. "O Brasil precisa desesperadamente de mudanças para reverter o atual quadro." Segundo Gianetti, o governo Dilma foi marcado por uma rápida reversão das expectativas. "Tudo parecia ir tão bem. Tudo parecia encaminhar para um período de alta performance", diz o economista Eduardo Giannetti da Fonseca. Mas o cenário começou a virar em 2011.
O quadro de reversão de expectativas não é uma novidade na história brasileira. Nos últimos 60 anos, ocorreram duas situações similares: na primeira metade dos anos 60, quando a política econômica dos "50 Anos em 5" deu lugar a uma crise fiscal e inflacionária, que culminou com a queda de João Goulart, em 64; e no início dos anos 80, com a falência do Milagre Econômico e o Brasil entrou em uma década perdida.
A mudança nas expectativas foi causada por uma série de fatores, que incluem a mudança para pior no cenário externo; a piora da qualidade da política econômica a partir do segundo governo Lula; o esgotamento do ciclo de expansão fiscal, que tem suas origens com a Constituição de 1988; e a falência do presidencialismo de coalizão.
O economista aponta que o tripé macroeconômico que sustentava a economia brasileira começou a ruir a partir da crise econômica de 2008/2009. A situação se acentuou no primeiro mandato de Dilma Rousseff, destaca ele. Uma série de erros de política econômica foi cometida, sinaliza. "O Banco Central baixou o juro quando não devia e o governo fez um controle artificial de preços via câmbio e tarifas administradas (energia e petróleo). Isto gerou um grande prejuízo para a economia brasileira."
Os problemas não se restringiram ao ambiente macroeconômico. "O mercado sofreu com a intervenção da mão pesada do governo." Segmentos como o de óleo e gás, energia elétrica e infraestrutura foram alguns dos maios afetados. Ao cenário crítico, somou-se o aumento do peso do Estado. A carga tributária representava 24% do PIB em 1988. Atualmente, ela é de 36%. Mas, a influência do governo na economia é maior, atingindo 46% do PIB. "Isto se deve ao fato de que o Estado brasileiro gasta mais do que arrecada. O déficit nominal atinge os 10%", destacou o palestrante.
Com isso, o governo ficou com capacidade menor para investir - em 1988, era 3% do PIB; hoje, 2,5%. E as condições da saúde, da educação e da segurança pública se deterioraram, ressalta. "O governo não investe e não atende às necessidades básicas." Outros problemas que engessam a economia brasileira, segundo Giannetti da Fonseca, são a previdência e os gastos com os juros da dívida pública. O país gasta 12% do PIB com benefícios, pensões e aposentadorias, o que, de acordo com o economista, é típico de uma economia desenvolvida. O custo da dívida pública corresponde a algo entre 8% e 9% do PIB e tende a aumentar com os juros elevados.
O Brasil vive um federalismo truncado, enfatiza o economista. Mas há um caminho que pode ser trilhado: "o dinheiro público precisa ser gasto mais perto do local de onde é arrecadado. É preciso menos Brasília e mais Brasil." Esta mudança também passa por um novo paradigma político. Ele aponta que o presidencialismo de coalização - caracterizado pelo "Toma lá, dá cá" - acabou falindo. "Dilma loteou 39 ministérios entre dez partidos e não conseguiu sequer eleger o presidente da Câmara de Deputados, o que era crucial para a estabilidade", afirma.
O momento é propício para mudanças no cenário político. Elas passam por aproximar o eleitor de seu representante, aponta. Um dos caminhos, segundo ele, é adotar o voto distrital misto.
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