O Banco Central (BC) anunciou nesta quarta-feira a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros da economia - a chamada Selic - em 14,25%.
"Avaliando o cenário macroeconômico, as perspectivas para a inflação e o atual balanço de riscos, e considerando a elevação das incertezas domésticas e, principalmente, externas, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 14,25%, sem viés, por seis votos a favor e dois votos pela elevação da taxa Selic em 0,50 ponto porcentual (p.p.)", afirma o texto do BC sobre a decisão.
Até o início da semana, o mercado apostava em uma alta de 0,5 p.p., em função de declarações recentes de autoridades do banco ressaltando a necessidade de se controlar a inflação.
Na terça-feira, porém, o cenário ficou mais turvo com a divulgação de um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) em que a instituição revisou drasticamente suas previsões para a economia brasileira em 2016 - de uma queda de -1% do PIB para uma de -3,5%.
Há certo consenso de que um dos riscos de um eventual aumento mais contundente da taxa de juros em um cenário recessivo poderia ser um aprofundamento da recessão - embora também haja quem argumente que assumir esse risco vale a pena para se evitar um descontrole da inflação.
Ainda na terça, o presidente do BC, Alexandre Tombini, emitiu uma nota afirmando que via como "significativas" as novas projeções do FMI e que elas seriam consideradas pelo Copom.
Alguns analistas do mercado reclamaram da "troca de sinais" do BC na véspera da reunião do colegiado.
A BBC Brasil conversou com analistas e economistas de diferentes vertentes teóricas para entender o que entrou em jogo nessa decisão sobre os juros. Confira:
1. Combate à inflação
A taxa de juros sempre foi tida como um instrumento crucial no combate a inflação. A ideia é que, ao encarecer o crédito, os juros mais altos ajudam a reduzir o consumo, segurando o reajuste de preços.
Para os defensores do aumento, sua elevação também sinalizaria para o mercado que o BC estaria disposto a fazer o que for necessário para combater a inflação - o que faria com que empresários, comerciantes e prestadores de serviço esperassem uma inflação menor para o futuro e reajustassem seus preços de acordo com essa estimativa mais moderada, como explica o professor do Insper Michael Viriato.
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