Sem vacina ou medicamento que possa enfrentar a doença, países voltam a ter altas taxas de contaminados
Em dezembro de 2019 Lincoln Pinesso saiu do Brasil com sua esposa Marcela e as duas filhas pequenas, Sofia e Luiza. O destino da família que morava em Palhoça (SC) era Milão, na Itália. Deixaram o que tinham aqui e migraram com o objetivo de começar uma nova vida no Velho Continente.
"Nossa experiência é de sobreviventes. Viemos há pouco tempo do Brasil para reconstruir a vida aqui. Trouxemos uma reserva financeira para os primeiros meses, mas se esgotaram na primeira onda. Depois precisamos de ajuda amigos e familiares para comer e tentar se reerguer a partir de julho. Agora depois que estávamos de pé, vem o medo dessa nova onda", conta Lincoln. "As últimas regras divulgadas pelo governo italiano valem até 24 de novembro. Fecharam piscinas e academias. Bares e restaurantes fecham às 18 horas. Proibiram a prática de esporte amador em grupo. É obrigatório usar máscaras em qualquer lugar", relata o brasileiro, acrescentando que "Milão está um caos por conta da quantidade de exames que estão fazendo. Em termos gerais já estamos em lockdown, mas o governo finge que não".
Atualmente a família se encontra em quarentena. ''Minha esposa teve contato com uma pessoa com diagnóstico positivo e teve alguns sintomas. Por conta disso estamos há duas semanas de quarentena'', revela. Vivendo com medo, Lincoln também tem alguma esperança na aplicação de uma vacina em breve. ''O governo já tem anunciado um programa para a vacinação. A União Europeia já está se organizando para distribuir as primeiras doses para os grupos de risco. Isso nos dá um pouco de esperança'', conclui Pinesso.
Vizinha da Itália, a Alemanha entrou em lockdown parcial nesta segunda (2) para tentar conter essa segunda onda. O pesadelo da Covid-19, que parecia ter se afastado, voltou a assombrar o país. Bares, danceterias, academias de ginástica, cafés, cinemas, teatros, salas de concerto, casas de aposta, museus, entre outros, ficarão fechados até o final de novembro. Restaurantes podem funcionar apenas com serviços de entrega, e hotéis estão autorizados a receber apenas hóspedes que estiveram viajando a trabalho.
Por ter lidado relativamente bem durante a primeira onda no início do ano, a Alemanha foi elogiada. Porém, nas últimas semanas, os números dispararam, em meio a uma segunda onda na Europa. Na segunda (2), o Instituto Robert Koch, agência governamental para o controle e prevenção de doenças infecciosas, reportou 12.097 novas infecções em 24 horas. No sábado (31), o país havia registrado alarmantes 19.059 novas infecções em 24 horas.
Santa Catarina e São Francisco do Sul com números crescendo novamente
O Brasil é, atualmente, o segundo país do mundo com o maior número de mortes, atrás apenas dos Estados Unidos. Em nosso estado, os números desaceleraram, mas voltaram a crescer nos últimos dias. Em novo boletim divulgado pelo Governo de Santa Catarina no último dia 2, são mais de 1,4 mil novos casos de coronavírus em 24 horas e chegou a um total de 261.543 pacientes confirmados desde o início da pandemia. O estado também tem 3.129 mortes.
A maior quantidade dos pacientes de Santa Catarina está localizada em Joinville, que soma até o fechamento da edição 24.628 casos. Mesmo com as atuais restrições, o fim de semana e também este feriado teve aglomerações nas praias de São Francisco do Sul, com muitas pessoas na faixa de areia e sem máscara.
São Francisco do Sul
São Francisco, por sinal, até o último boletim tinha mais de 10 mil casos notificados desde o início da pandemia, com mais de 1500 casos positivos e apenas 44 ativos. Porém, há a necessidade de cuidados permanentes. Em entrevista ao Nexo Jornal, o doutor em saúde pública e professor titular de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), Paulo Lotufo, alerta que "no Brasil, não dá nem para dizer que a primeira onda já acabou. Isso só poderia ser dito se o número de mortes agora fosse igual ao de fevereiro. Mas nitidamente está em descenso. E acho que teremos um refresco, se as pessoas não relaxarem completamente".
Europa com medo
Inglaterra, Alemanha, Portugal, França e Grécia retomam medidas de confinamento para tentar deter explosão de contágios. Em maior parte, regras irão vigorar por ao menos quatro semanas, com término no início de dezembro. Em meio a uma segunda onda de infecções, países europeus batem recordes de óbitos pelo coronavírus em meses e aumentam restrições. Número de mortes diárias no continente aumentou quase 40% em relação à semana anterior, diz OMS..
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