Cooperativa

Aprendizados e perspectivas das cooperativas catarinenses na pandemia

O superintendente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Neivo Luiz Panho, concedeu uma entrevista exclusiva à Agência Adjori/SC de Jornalismo. Panho falou sobre os aprendizados do sistema cooperativista catarinense durante a pandemia, incluindo a modernização dos cursos realizados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop/SC). Os cursos da entidade, voltados à profissionalização de integrantes do sistema cooperativo, tiveram que ser remodelados para o sistema online.

A Ocesc representa mais de 250 cooperativas em Santa Catarina, tanto institucionalmente quanto no aspecto sindical patronal. Essas cooperativas são divididas em sete ramos: agropecuário; crédito; transporte; trabalho, produção de bens e serviços; saúde; consumo e infraestrutura.

Confira a entrevista:

Como foi o desempenho das cooperativas com a pandemia?

Com relação a expectativa de mercado, coisa assim, depende sempre de que atividade. Hoje temos sete ramos de atividade do cooperativismo e uns foram mais impactados pela pandemia do ponto positivo, outros menos, tiveram até dificuldade de se adaptar a essa nova realidade. Alguns ramos, como o de consumo, agro, infraestrutura e saúde, que ficaram elencados como atividades essenciais, foram demandados. E a demanda gerada pela pandemia fez esses negócios crescerem. As pessoas consumiram mais alimentos em casa, foram mais ao supermercado, foram menos aos restaurantes, mas usaram mais produtos ligados à saúde, usaram mais energia. Por um lado teve perdas, as cooperativas do ramo trabalho, produção de bens e serviços tiveram dificuldade, o ramo transporte também tem dificuldade de se adaptar a um novo momento. Mas, de um modo geral, as cooperativas vêm tendo um desempenho muito satisfatório diante desse cenário.

Qual a expectativa para o período pós pandemia?

No total, a pandemia nos deixou um legado de aprendizado. Com o passar do tempo as tendências [novos hábitos] vão se consolidar. A comunidade, e a sociedade como um todo, já fizeram algumas escolhas, no sentido de como ela vai se comportar, como ela vai trabalhar no futuro diante de um novo cenário. Então, nós temos que estar sempre atentos e levar melhor informação para que a gestão das cooperativas estejam atentas a isso e tomem a melhor decisão para o futuro nesse novo cenário.

Pro cooperativismo, o que poderíamos contar como uma tendência que veio pra ficar?

Como tendência, acho que fica claro a importância do agro como produtor de alimentos para dar sustentação. No primeiro instante da pandemia a preocupação era: 'vai ter alimentos?', porque no lockdown para tudo, mas as pessoas precisam continuar se alimentando, se não nós vamos ter outros problemas secundários, muito mais graves que a pandemia em si. E o segundo ponto é a importância de que precisamos ter uma atividade econômica pra gente se manter ativo, vivo, porque não adianta só produzir alimentos depois nós não termos como adquirir. Precisamos fazer esse tripé da atividade econômica, mas vivemos em um mundo chamado moderno onde o emprego gera renda, que sustenta famílias e grandes negócios e que gera qualidade de vida.

Como ficaram os programas do Sescoop/SC com essa nova realidade gerada pela pandemia?

O Sescoop/SC teve que ser reestruturado como um todo. O modelo que tínhamos até 2019 não é mais o mesmo, em termos de trabalho, que temos em 2022. Como ele é voltado para educação e formação de trabalhadores, dirigentes e empregados, até hoje ainda nós temos dificuldades de fazer eventos presenciais, que era nossa tradição. De repente, não tivemos mais. Hoje nossa estrutura está voltada para eventos online. Tínhamos alguns programas importantes que foram afetados e estamos fazendo a transição, como o Jovemcoop, Cooperjovem e o Mulheres [cooperativistas] e eles funcionavam todos de forma presencial, mas como não tivemos o presencial nesses dois anos, também desenvolvemos um mecanismo pra fazer isso online. E, aos pouquinhos, em alguns momentos, vamos ter o misto, com eventos presenciais, híbridos. Porém, não será 100% igual ao que tínhamos no passado. Os programas com jovens, mulheres e crianças continuam acontecendo. A percepção de que as cooperativas têm que investir nas pessoas e no desenvolvimento delas, para conhecerem e desenvolverem o cooperativismo, continua a mesma, mas de forma diferente.

Mudando um pouco de foco, como o senhor avalia que a estiagem do início deste ano está afetando as cooperativas agroindustriais do Oeste do estado?

A estiagem afeta, mas já de um ponto de vista muito menos relevante do que era 30, 40 anos atrás. Hoje nós temos um sistema econômico de atividade integrada. Não é só do cereal que as famílias vivem, elas já têm outras atividades que independem da chuva ou do sol. Vai gerar perdas, não há dúvida nenhuma, mas ela não chega a desestruturar o modelo produtivo. Porque as famílias, os modelos têm outros mecanismos complementares. Mas essa renda, esses modelos que as pessoas vão perder, não recupera. Eles vão ter dois problemas: o primeiro é o custo de produção, porque antes de ter a renda, elas investiram na produção. E depois esperavam ter a colheita e ela não vem, então só fica como custo e não tem a renda. É um assunto que já está sendo trabalhado a nível de Governo Federal, nós estamos atentos a isso em conjunto com a OCB [Organização Brasileira das Cooperativas], de que o próximo Plano Safra, que até 30 de junho, deve ser estruturado para contemplar mecanismos e criar condições para os produtores que perderam, e ainda vão perder renda, tenham condições de continuar investindo na sua propriedade. Acima de tudo eles vão precisar de crédito adicional para começar a fazer os plantios a partir de julho e agosto aqui no estado.




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