Outubro Rosa

Um toque que salva vidas

Conheça a história de Tatiana e como um autoexame salvou sua vida

Era apenas mais um banho qualquer em julho de 2017 antes de Tatiana Lima Pereira, nascida em Curitiba mas criada em São Francisco do Sul, moradora do Paulas, na época com 47 anos, ir se deitar para dormir. Ao se lavar sentiu um caroço na mama direita e sua vida mudou por completo logo ali. A professora do ensino fundamental não teve dúvidas e no dia seguinte decidiu ligar logo cedo para Rede Feminina de Combate ao Câncer de São Francisco do Sul e já marcaram uma mamografia para o final do mesmo mês. O resultado sairia apenas em Setembro mas o que Tatiana temia aconteceu e ligaram antes da data prevista, pois havia algo de errado com o exame. Chegando na RFCC, foi informada de que possuía um nódulo e uma biópsia deveria ser feita para saber se o mesmo era maligno ou benigno.

Assim como 64,4% da população brasileira (IBGE), Tatiana não possui plano de saúde e todo o processo foi todo pelo Sistema Único de Saúde, SUS. Após algumas semanas, ela teve sua punção biópsia marcada em Joinville. Nesse procedimento são coletadas células de um determinado tecido ou órgão, nesse caso das mamas. O resultado ficou pronto apenas no início de novembro e a médica explicou a Tatiana que ela possuía câncer de mama triplo negativo. Ela relata que "foi um baque para mim, mas eu não fiquei parada e fui atrás de melhorar a minha saúde." O tempo para ela era curto. A cirurgia era necessária o quanto antes, pois o nódulo continuava crescendo.

O câncer de mama triplo negativo é responsável por 10 a 15% dos cânceres de mama. O termo câncer de mama triplo negativo refere-se ao fato de que as células cancerígenas não têm receptores de estrogênio ou progesterona e não produzem a proteína HER2. Esse tipo de câncer tende a ser mais comum em mulheres com menos de 40 anos de idade, afro-brasileiras ou com mutação no BRCA1. O câncer de mama triplo negativo difere de outros tipos de câncer de mama invasivo, pois cresce e se dissemina mais rapidamente, tem opções limitadas de tratamento e um pior prognóstico. O câncer de mama triplo negativo pode apresentar os mesmos sinais e sintomas que outros tipos de câncer de mama.

Tatiana se sentia agoniada com o parecer de apenas uma médica e após recomendação da Rede Feminina, decidiu ir por conta própria, ver uma segunda opção, dessa vez na rede particular, para saber o grau de urgência e necessidade de cirurgia. "Até minha papelada foi para o PREMIR (SUS) mas elas (RFCC) me avisaram que iria demorar" relata. Ela recebeu então a indicação de uma amiga e marcou com um médico mastologista em Curitiba, apontado como um dos seis mais importantes da mastologia mundial: Dr. Cícero Urban. Ele é coordenador do Curso de Medicina da Universidade Positivo, cirurgião oncoplástico do Hospital Nossa Senhora das Graças, de Curitiba. Ao avaliar sua situação, o Dr. Urban recomendou que de fato Tatiana fizesse a cirurgia o quanto antes, pois esse tipo de câncer é muito rápido e agressivo. Ela cogitou fazer a cirurgia particular com o médico, mas o problema seria o valor das quimioterapias e radioterapias que deveriam ser pagos depois.

O tratamento de radioterapia dura em média 40 dias úteis ininterruptos, onde o paciente deve comparecer diariamente ao local de tratamento para receber as doses de radioterapia. Ao contrário da quimioterapia que pode durar uma vida toda, o tratamento de radioterapia é feito uma só vez. Tatiana conta que "as portas foram se abrindo" e ela conseguiu realizar o tratamento pelo SUS na capital paranaense. "Aqui em São Francisco minha consulta com a mastologista seria só em janeiro e estávamos em dezembro", conta. A corrida contra o tempo é fundamental em casos de câncer de mama como o de Tatiana.

Foi necessária a realização de uma quadrantectomia de mama, também conhecida como cirurgia conservadora de mama. Dessa maneira, o restante da glândula mamária é preservado. "Até então eu pensava que não ia fazer quimioterapia", diz ela. Mas ao receber o resultado da biópsia do nódulo, os médicos a alertaram da necessidade de quimioterapia. Ela conta que ao receber a notícia "foi mais difícil. Aceitar a quimioterapia, a perda do meu cabelo". Após duas semanas ela iniciou a primeira das dezesseis quimioterapias e ali mesmo já avisaram que seu cabelo iria começar cair. Pensando nisso, após a primeira sessão ela tomou a decisão de doar seu cabelo para a confecção de perucas. "Mas eu nunca me adaptei com perucas! Preferia lenços! E ganhava de presente até!" conta.

O organismo de Tatiana sofreu sérios efeitos colaterais da quimioterapia, ela não conseguia se alimentar, ficava nauseada e foi ficando cada vez mais debilitada. Além do câncer de mama, Tatiana já possuía desde criança artrite reumatóide, uma doença inflamatória crônica autoimune em que o sistema imunológico produz anticorpos que atacam as células saudáveis do corpo, causando inflamação nas articulações, principalmente das mãos e pés. Com isso, sua musculatura também foi afetada. A parte psicológica também foi afetada: "Eu não conseguia dormir? ficava pensando se a quimioterapia estava fazendo efeito mesmo, se eu iria me curar? perdia o sono várias noites!"

Suas sessões de quimioterapia encerraram em setembro de 2018 e após dois meses, ela deu início no Hospital Erasto Gaertner (Curitiba) ao processo de radioterapia, um tratamento no qual se utilizam radiações ionizantes (raio X, por exemplo) para destruir um tumor ou impedir que suas células aumentem. No final das radioterapias, em 2019, ela teve o pulmão um pouco queimado devido ao procedimento, o que causou uma pneumonia. Tatiana precisou dessa vez então, ficar internada para tratar o pulmão. Ao final de todos os procedimentos, ela não possuía indícios do câncer de mama.

Para Tatiana, aquele toque no banho salvou sua vida. Ela ressalta que "mulheres devem realizar o autoexame e ir em busca de ajuda médica ao perceber qualquer alteração no seu corpo!". A família e os amigos foram essenciais na luta contra o câncer de mama. Ela deixa ainda o recado: "Tenha pensamento positivo e creia que você será curada! Independente da sua fé!". Após o câncer, Tatiana mudou seus hábitos alimentares e buscou ter uma vida mais saudável. Ela completa em janeiro de 2022 quatro anos de vitória contra o câncer de mama.


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